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A gigante chinesa Meituan, líder mundial no setor de delivery de alimentos, anunciou sua entrada oficial no Brasil, trazendo sua marca internacional Keeta e um investimento robusto de R$ 5,6 bilhões (cerca de US$ 1 bilhão) ao longo dos próximos cinco anos.
Com mais de 98 milhões de pedidos diários na China e uma receita anual de US$ 46,6 bilhões em 2024, a empresa promete acirrar a competição no mercado brasileiro, atualmente dominado pelo iFood, que detém cerca de 80% do setor.
O que é a Meituan e sua marca Keeta?
Fundada em 2010, a Meituan é um “superapp” chinês que vai além do delivery de alimentos, oferecendo serviços como reservas de hotéis, venda de ingressos, aluguel de bicicletas compartilhadas e até serviços financeiros. Com 770 milhões de usuários ativos na China, a empresa processa um volume impressionante de pedidos, atingindo picos de 98 milhões de entregas diárias em 2024. A Keeta, lançada em 2022, é a marca internacional da Meituan, já presente em Hong Kong e na Arábia Saudita, onde conquistou mercado com entregas rápidas e preços competitivos.
No Brasil, a Meituan focará inicialmente no delivery de alimentos, começando pelo Sudeste, com um escritório já estabelecido em São Paulo. A empresa planeja expandir suas operações para todo o país até o final de 2026, prometendo melhorar a experiência dos consumidores, impulsionar o crescimento de restaurantes parceiros e criar oportunidades para entregadores.
Impacto no Mercado Brasileiro
A chegada da Meituan ocorre em um momento de intensificação da concorrência no setor de delivery. O iFood, líder absoluto, enfrenta agora não apenas a Keeta, mas também outros players como a 99Food, que anunciou um investimento de R$ 1 bilhão, e a Rappi, com R$ 1,4 bilhão e isenção de taxas para restaurantes até 2028. A Meituan promete taxas até 15% menores que as do iFood (que variam entre 25% e 35%), o que pode atrair restaurantes, especialmente pequenas lojas de bairro.
Além disso, a empresa planeja oferecer subsídios para consumidores, como taxas de entrega reduzidas, e investir em marketing agressivo. A expectativa é que a entrada da Meituan traga benefícios diretos aos consumidores, com promoções mais atrativas e maior variedade de escolhas. Para os entregadores, a empresa promete bonificações por produtividade, a exemplo do modelo aplicado em Shenzhen, onde motoboys recebem até 20% a mais por pedido em horários de pico.
Desafios e Oportunidades
Apesar do potencial, a Meituan enfrentará desafios no Brasil. O iFood, com 120 milhões de pedidos mensais e presença em mais de 1,5 mil cidades, tem uma base consolidada e forte lealdade dos consumidores. Além disso, o alto custo de aquisição de clientes (CAC) no Brasil, 40% maior que na China, e a preferência por pagamentos em dinheiro em 25% das transações são obstáculos significativos. Para superá-los, a Meituan está testando parcerias com bancos digitais, como o Nubank, para incentivar o uso do PIX.
Por outro lado, a chegada da Meituan é vista com entusiasmo por restaurantes e entregadores. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) avalia que o aumento da concorrência pode reduzir custos e melhorar as condições de trabalho no setor. Estima-se que a empresa gere 100 mil empregos indiretos e até 4 mil vagas diretas com uma central de atendimento no Nordeste.
Contexto Regulatório e Controvérsias
A Meituan chega ao Brasil em meio a preocupações com práticas anticompetitivas. Na China, a empresa enfrenta supervisão indefinida da Administração Estatal para Regulação do Mercado (SAMR) por restringir parceiros a operar exclusivamente em sua plataforma. A Meituan nega as acusações, afirmando colaborar plenamente com as autoridades chinesas. No Brasil, as autoridades antitruste, como o Cade, estão atentas a essas questões, especialmente considerando o domínio do iFood.
Além disso, a Meituan tem sido criticada na China por práticas “gamificadas” que incentivam jornadas exaustivas entre entregadores. No Brasil, a empresa terá que se adaptar às regulamentações trabalhistas e dialogar com o Ministério do Trabalho, um ponto sensível para o setor.
O Futuro do Delivery no Brasil
A entrada da Meituan marca uma nova fase no mercado brasileiro de delivery, que deve movimentar US$ 21,18 bilhões em 2025, com projeção de alcançar US$ 27,81 bilhões até 2029. Com sua expertise em logística avançada, incluindo o uso de drones na China, e um modelo de negócios baseado em tecnologia e inovação, a Keeta tem o potencial de transformar o setor. Analistas do BTG Pactual estimam que, se a Meituan replicar 10% de seu sucesso asiático, pode capturar 15% do mercado brasileiro até 2026.
A presença da Meituan também reflete a crescente influência chinesa no Brasil, com investimentos que totalizam R$ 27 bilhões, incluindo empresas como GWM e Mixue. A cerimônia de anúncio em Pequim, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do CEO Wang Xing, reforça a importância estratégica do Brasil para a expansão global da Meituan.
A chegada da Meituan com a Keeta promete agitar o mercado de delivery no Brasil, trazendo mais opções para consumidores, oportunidades para restaurantes e entregadores, e desafiando o domínio do iFood. Com um investimento bilionário e uma estratégia agressiva, a empresa está pronta para deixar sua marca na América Latina. Resta saber como o mercado e os consumidores brasileiros responderão a essa nova gigante do delivery.
Acompanhe as novidades sobre a Meituan e o mercado de delivery no Brasil! Deixe seu comentário e compartilhe suas expectativas para essa nova era no setor.